sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Insetos Interiores

Olá!
Sei que ando ausente, mas vivi uma fase de mudanças radicais, como tem sido os meus dezembros nos últimos anos... Não sei pq eu ainda não acostumei! hehehehhehe....
Meu tema hoje é apresentar para vcs uma letra de música - que eu considero uma obra-prima - que fala sobre quem somos.
Como esse blog fala sobre comunicação e a comunicação se dá entre dois seres.. muitos dos insetos interiores interferem nos diálogos, nas relações, nas transformações que passamos durante a vida.
Antigamente passavamos mais tempo em casa - então, conviviamos sempre com os mesmos bichinhos. Com o tempo ficava mais fácil de lidar.
Atualmente convivemos menos com a família e nos reunimos com pessoas que não conhecemos nas empresas, nas academias e por onde mais pudermos passar.
Foi aí que percebi com nitidez quais são os meus insetos e quais são dos outros... de quais eu gosto e de quais eu não quero nem chegar perto.
Reflitam antes de dizer não: sintam primeiro o gosto da vitória pelo desafio superado. Não existe sabor melhor.Faremos ainda mais e ainda melhor!


Insetos Interiores - O Teatro Mágico

Notas de um observador:
Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.
A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)ertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se
A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.
Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.




Imagem: Salvador Dalí

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